Boteco Muvuco

Pescadores locais e inova gastronomia cearense

O desejo de inovar o mercado gastronômico de Fortaleza reuniu quatro amigos em uma missão: criar um empreendimento que combinasse culinária de alto padrão com um ambiente descontraído e informal. Para isso, os chefs Diego Freire e Pedro Paulo de Menezes trouxeram seu talento culinário, enquanto Guido Azevedo e João Victor Barros contribuíram com sua experiência administrativa. Juntos, esses cearenses fundaram o Muvuco Boteco do Mar. Diego e Pepê, como Pedro é chamado, foram aprendizes do chef Ivan Prado e trabalharam em restaurantes renomados da capital alencarina. Foi justamente essa vivência em cozinhas de alta gastronomia que o sinspirou a criar um boteco. Ambientes de alto padrão costumam ser muito formais, com muita etiqueta e regras. Não queríamos isso para o nosso negócio”, lembra Diego.

“Ambientes de alto padrão costumam ser muito formais, com muita etiqueta e regras. Não queríamos isso para o nosso negócio”, lembra Diego. “Nosso objetivo era oferecer a mesma qualidade dos melhores restaurantes em um ambiente onde os clientes se sentissem à vontade para ir de chinelo e bermuda, desfrutar de uma comida deliciosa, sem formalidades e sem pompa”, completa. Cozinha Com o conceito do ambiente definido, era hora de decidir o cardápio do boteco. “Sabíamos que não poderíamos ser apenas mais um boteco em Fortaleza, considerando que já há muitos na cidade”, relembra Diego. Para se destacar no mercado, eles decidiram focar em um nicho específico, oferecendo exclusivamente frutos do mar, mas sempre mantendo o caráter informal e saboroso da comida de boteco.

“A partir do momento que estabelecemos o foco em frutos do mar, passamos a aprofundar nossos conhecimentos sobre essa culinária”, garante o gestor. No início, acreditavam que ir de madrugada à praia para comprar peixe fresco logo após o desembarque das jangadas seria suficiente para garantir uma carne de melhor qualidade. No entanto, com o tempo e muito estudo, perceberam que isso não bastava para alcançar o nível desejado. “Pedro foi a Ilhabela, em São Paulo, para participar de um curso do Projeto A.MAR, conduzido por Rodolfo Vilar.

O curso reúne pescadores e chefs interessados na técnica japonesa Ikejime, que minimiza o sofrimento do peixe durante o abate”, conta Diego. Segundo o chef, a técnica de Ikejime é uma prática avançada de abate de peixes que visa melhorar a qualidade da carne e promover um tratamento ético do animal. O método envolve atordoar rapidamente o peixe, perfurar sua medula espinhal para interromper o sistema
nervoso e drenar o sangue de maneira eficiente. Esses passos reduzem o estresse do peixe e evitam a liberação de substâncias que deterioram a carne, resultando em um produto final mais fresco, saboroso e com melhor durabilidade.

Valorização da pesca local
Por meio do professor do curso que Pepê frequentou, os fundadores do Muvuco conheceram o pescador Banana, um morador de Fortaleza que aprendeu a técnica de Ikejime com Rodolfo Vilar durante uma ação social do Instituto Metamorfose no bairro Serviluz. “Hoje, o Banana é o pescador artesanal parceiro do Muvuco. Ele se juntou a nós porque compartilha nosso propósito, e essa colaboração é benéfica para os dois lados”, destaca o empreendedor. Como forma de fomento ao
trabalho do colaborador, o Muvuco paga um valor acima da média pelo peixe do Banana e também contribui com camisas de sol, uma vela nova e um motor melhor para sua jangada.

Os sócios do Muvuco explicam que esse investimento vai além dos interesses comerciais. “Nosso objetivo é fortalecer toda a cadeia produtiva e melhorar o ecossistema da pesca cearense”, afirma Diego. “Inclusive, estamos organizando com o Banana um projeto para reeducar outros pescadores interessados em aprender a técnica. Queremos que a excelência na qualidade do peixe beneficie não apenas o Muvuco, mas toda a cidade. Esperamos que outros restaurantes também possam elevar a qualidade dos seus pratos e valorizar o trabalho dos pescadores”, compartilha o chef.

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