Aguapé

O beco do sucesso

De um box no Beco da Poeira para contêineres de exportação. Essa é a história de Ana Tavares, empresária e dona da Aguapé, uma marca que reflete a adaptabilidade e a perseverança do cearense diante das dificuldades.

As fronteiras não foram barreiras para a motivação da empreendedora, que hoje exporta seus produtos para os Estados Unidos e Portugal. “Eu precisava ajudar meu esposo, e como tinha um filho pequeno, era complicado sair para trabalhar.

Então, comecei a vender doce de leite e a fazer outros doces para complementar a renda”, relembra Ana. Assim, deu início à sua trajetória no Beco da Poeira. “Passei a observar mais o movimento de dentro do Beco, atenta a tudo que acontecia”, conta a empresária.

Percebendo o potencial do local, Ana pediu ajuda ao marido para embarcar em seu sonho. O casal, então, abriu seu primeiro box, onde Ana passou a vender roupas femininas, dedicando-se a esse tipo de confecção por um ano.

Seu ponto ficava ao lado de outros que comercializavam moda praia. Atenta, a empreendedora notou que suas vendas estavam lentas. “Quando uma vizinha disse que ia se mudar, não pensei duas vezes e agarrei a oportunidade.

Na época, não tínhamos capital, mas convenci meu marido a vender o carro, apesar de ele ter juntado dinheiro por 10 anos para adquirir esse bem, para comprar mercadorias voltadas para moda praia”, relembra.

Apesar de confiar no sonho da esposa, o casal fez um trato: haveria um futuro carro comprado com os lucros. “Não foi em seis meses, mas em um ano ele comprou um carro novo”, pontua a empresária.

Mesmo após dois anos de atividade, devido a problemas estruturais e fortes chuvas, Ana enfrentou seu primeiro grande obstáculo: a perda de mercadorias, que gerou um grande prejuízo. “Eu considero isso uma grande dificuldade, porque estávamos no começo.

Serviu para ganharmos experiência e aprender a vender também. Tivemos alguns calotes e depois precisávamos mudar de local. O Beco era um lugar muito consolidado, e os clientes já estavam acostumados com o local”, explica.

A pandemia também não foi fácil, mas o sonho da empreendedora em fazer dar certo era claro. “Meu objetivo era melhorar a situação, dar um futuro melhor para os meus filhos. Eu enxerguei que ali dentro do Beco tínhamos uma saída”, conta Ana.

A marca chegou a sediar lojas em diversos shoppings, como o Ceará Moda Shopping, Jóquei Club, Centro Fashion, Rogaciano Leite e na José Avelino.

Ana também fala sobre as dificuldades da imersão digital do negócio como uma forma de impulsionar as vendas: “Quando meu marido e eu nos encontrávamos numa situação difícil, sem conhecimento de tecnologia, tivemos a presença dos nossos ‘anjos’. Meu filho e minha nora, depois que assumiram, nosso crescimento foi exponencial.”

Agora, a Aguapé exporta para os Estados Unidos e países da Europa. Apesar de a exportação ser recente, isso não tira o foco da marca em participar de feiras importantes para o mercado da moda, como o Ceará está na Moda, realizado em Fortaleza, e o próximo em Natal, no Rio Grande do Norte.

“Primeiro, estamos sempre estudando tendências, acompanhando as projeções dos principais portais do mundo da moda. Estamos sempre atualizados, estudamos o mercado e o consumidor”, pontua Elaine, cunhada de Ana. A humanização é um pilar fundamental na identidade da marca.

“A Aguapé é conhecida pelas peças que vestem bem. Nossa preocupação é vestir a mulher, e não a modelo. Vestimos a mulher real, por isso nossas peças vão do 36 até o 50”, complementa Elaine. Do sonho do primeiro box às fronteiras europeias, histórias como a de Ana Tavares mostram a garra do cearense em buscar seus objetivos.

“Sinto uma gratidão enorme a Deus, ao meu marido, ao meu filho, à minha nora. Todos acreditaram no meu sonho de empreender. Tenho orgulho do que construí, da profissional que sou hoje e que me tornei”, finaliza a empreendedora.