Da calçada a rede de restaurantes
Há um provérbio africano que diz: “Sozinho você vai mais rápido; acompanhado você vai mais longe”. Este ditado resume perfeitamente a trajetória de Marcelio Souza e Viviane Ferreira, um casal que conseguiu transformar um modesto quiosque de espetinhos, com mesas na calçada, em três empreendimentos de sucesso na Grande Fortaleza: Bar do Ciço, Feijão Verde Varjota e Feijão Verde Eusébio.
Natural de Crateús, no interior do Ceará, Marcelio deixou sua cidade natal para trabalhar no Rio de Janeiro, onde teve o primeiro contato com o setor de churrascarias.
“Passei por todos os setores. Comecei como serviços gerais, fui para a máquina de lavar pratos, me tornei copeiro, garçom e maître de salão; aprendi um pouco de tudo”, disse o cearense.
Após anos de aprendizado, retornou ao Nordeste e estabeleceu-se em Fortaleza, onde trabalhou em renomados restaurantes da cidade. Foi nesse período, em um forró, que conheceu Viviane, estudante de Direito, filha de um pai chefe de cozinha e de uma mãe que administrava restaurantes. Juntos, o jovem casal decidiu combinar habilidades e experiências para abrir um negócio próprio.
“Em 2010, eu e minha esposa, na época ainda minha namorada, começamos a vender espetinhos em um pequeno quiosque de 16 metros quadrados.
O espaço era limitado, as mesas ficavam na calçada, mas conseguimos fazer o negócio prosperar. Passamos 7 anos assim, mas fez um sucesso na vizinhança, até que foram surgindo novas oportunidades. Depois de muitos desafios, estávamos prontos para revitalizar o estabelecimento ou crescer”, relembra Marcelio.
Viviane conta que foi difícil reconquistar a clientela para o estabelecimento, ainda mais com o desafio de divulgar que também vendiam comida em um boteco.

“O próprio nome dava a impressão de que eram servidas apenas bebidas. No primeiro dia de funcionamento, vendemos apenas três pratos executivos, o que nos preocupou bastante na época”, relata a empreendedora.
“Muitas pessoas acham que já tínhamos tudo isso há muito tempo, que nascemos em berço de ouro, que herdamos os restaurantes. Mas não é herança, pelo contrário, foi muito trabalho e muita dedicação”, completa.
Feijão Verde
Desde o início, com o quiosque de espetinhos, o feijão verde sempre foi o carro-chefe do cardápio, a ponto de o prato se tornar o nome do local. Anos depois, esse mesmo nome também foi adotado para o primeiro restaurante criado por Marcelio e Viviane. Diferente do Bar do Ciço, que já existia antes de ser revitalizado pelo casal, o Feijão Verde – Varjota foi originado a pedido dos antigos clientes do quiosque, que sentiam falta dessa iguaria.
O sucesso do novo empreendimento não demorou a chegar, e logo eles abriram uma terceira casa, desta vez no Eusébio, a 24 km deFortaleza.
“Estávamos no período da pandemia ainda, um momento em que muitos estabelecimentos estavam fechando. Fomos totalmente na contramão e abrimos o Feijão Verde do Eusébio em fevereiro de 2022”, conta Marcelio.
“Hoje, graças a Deus, estamos colhendo os frutos que plantamos lá em 2010. Trabalhamos bastante para atingirmos os nossos objetivos desde a primeira loja. Com todas as dificuldades, nunca desistimos; sempre insistimos e persistimos. Eu e ela praticamente morávamos no nosso restaurante para dar conta da rotina, pois esse ramo é muito desafiador, de muita intensidade”, compartilha o empreendedor.
Pilares do negócio
Segundo o casal, o segredo para chegar tão longe nos negócios é ter “um bom atendimento, um produto de qualidade e um preço justo”. Além disso, Marcelio e Viviane contaram com a ajuda de familiares para dar os primeiros passos como empreendedores. “Sempre foi um negócio bem familiar.
Meu pai, minha mãe, o irmão dele e outros familiares sempre davam um jeito de nos ajudar. Era um cortando o cheiro-verde, outro ajeitava a cozinha, o que precisasse, eles topavam. Isso foi fundamental porque, nessa época, eu trabalhava no escritório, fazia faculdade e só depois ia para o quiosque ajudar ele”, relembra Viviane.
A rotina era puxada, mas eles se recusaram a desistir. “De manhã, eu cortava todas as carnes, fazia o almoço e ele saía para fazer as compras. Quando ele voltava, a gente espetava todos os pedaços para levar tudo às quatro horas para o quiosque”, compartilha a empreendedora.
Com o passar do tempo e o sucesso dos empreendimentos, eles foram estabelecendo o que deveria ser feito para manter a clientela. “Acredito que ganhamos os clientes mostrando quem realmente somos. Eu faço questão de sentar com eles, falar de onde sou, aonde quero chegar, mostrar que vim do nada e construí tudo que tenho com muito suor”, afirma Marcelio.
“Costumo falar que a gente sai de casa não por querer, mas por necessidade. Eu saí porque queria dar uma vida melhor para minha mãe, para minha família, para mim mesmo. Hoje, a maioria dos clientes sabe da nossa história e faz questão de sempre frequentar os nossos restaurantes”, celebra.
Além de uma boa relação com a clientela, o casal faz questão de valorizar também seus colaboradores. “Sempre passamos para os contratados tudo o que vivemos, tanto para mostrar que respeitamos o trabalho deles quanto para motivá-los, salientando que o sol brilha para todos, mas só tem sombra quem planta.
Então, eles conseguem entender que, assim como deu certo para nós, também pode dar certo para qualquer um; só depende de si mesmo”, finaliza o empresári