O futuro renovável em euros
Cearenses criam a startup Delfos Energy, que desenvolveu um aplicativo para otimizar o desempenho, o fluxo e a confiabilidade dos sistemas de energia limpa. Após uma rodada de investimentos, a empresa recebeu uma injeção de 6,3 milhões de euros em 2024. Com sedes em Fortaleza e em Barcelona, na
Espanha, os sócios Samuel Lima e Guilherme Studart encontraram na parceria a complementaridade necessária para enfrentar o desafio de empreender na área de energia.
Após a injeção de capital, a startup já tem definidos os próximos passos: “Nosso objetivo agora, depois da rodada de investimentos, é estabelecer nossa posição no mercado brasileiro, em energia eólica e solar. Estamos focando muito em soluções de armazenamento de energia com baterias, algo que faz muito sentido hoje”, explica Samuel.
Os sócios compreendem que a transição energética, além de ser uma necessidade para o planeta, é o futuro da economia. “Hoje, quando falamos sobre transição para energias renováveis, é uma questão econômica. Energia solar é uma das mais baratas que existem, e a eólica também, se comparada com todas as outras fontes disponíveis”, complementa o empresário.
“Em 2013, comecei a fazer mestrado na UFC e também passei a trabalhar como diretor de manutenção de um táxi aéreo em Fortaleza. Esse mestrado era em engenharia mecânica, com ênfase em energias renováveis, e foi quando tive o primeiro contato com o setor. Eu já tinha essa afinidade”, explica Samuel Lima. Para o jovem cearense, sua experiência acadêmica e profissional foi a liga necessária para iniciar sua trajetória empreendedora.
“Comparando a manutenção que ocorria em eólicas com a que acontecia na aviação, percebi uma grande lacuna, uma oportunidade de atuação. Usando o conhecimento que adquiri em modelagem matemática no mercado financeiro e considerando a quantidade de dados disponíveis em máquinas de turbinas eólicas, tive a ideia de começar a trabalhar com isso. Em 2014, decidi criar uma empresa de manutenção de turbinas eólicas”, conta Samuel sobre sua carreira e como se deu a parceria com seu sócio, Guilherme.
Enquanto Samuel identificava as oportunidades de mercado, Guilherme fazia um mestrado na Noruega, onde foi apresentado, em sala de aula, a uma pesquisa sobre o potencial do Nordeste brasileiro em energia limpa.
“Fiquei impressionado com as inúmeras possibilidades de energias renováveis no Ceará. Me perguntei por que isso não estava sendo melhor aproveitado por mim mesmo”, relembra Guilherme.
Quando voltou ao Ceará, antes de se formar, conheceu Samuel por intermédio de parentes, e desde então, formaram a Delfos. Apesar de oferecerem serviços utilizando inteligência artificial e Big Data, a educação tecnológica ainda foi um obstáculo para os clientes. “No começo, foi um trabalho muito intenso de educação. Tivemos que educar os clientes, muitos achavam que inteligência artificial aplicada às energias renováveis era mágica”, completa Samuel. Embora a Delfos ofereça redução de tempo e aumento de capacidade para seus clientes, ainda era necessário que eles tivessem acesso ao sistema. Essa imersão tecnológica, hoje, já não é mais uma barreira.
Energia renovável cearense
como prioridade “No mundo todo, é perceptível a preferência por energias limpas, tanto que a Alemanha já não tem mais usinas nucleares. Ela trocou praticamente todas por fontes renováveis, apesar de ter ficado dependente do gás da Rússia, o que exigiu alguns ajustes no meio do caminho. Mas o foco deles, assim como o de outros países, são as energias renováveis”, explica Lima. Reiterando o histórico de talentos cearenses, Samuel acrescenta: “O Ceará tem escolas e pessoas excelentes, com históricos de olimpíadas e aprovações no ITA, o que significa mão de obra qualificada.”
A Delfos tem em seu DNA fornecer um ambiente competitivo, que estimule os colaboradores a aprender práticas de multinacionais e, assim, contribuir para o crescimento didático dos profissionais. Trabalhando diretamente com o “futuro”, a Delfos comprova que o Ceará continua sendo um dos maiores polos de inovação do Brasil. “A inovação tecnológica está no nosso sangue, está na nossa visão: fazer o mundo funcionar de uma forma mais eficiente e inteligente”, finaliza Samuel.