Leonardo Germano

Do Canindezinho para o mundo

Leonardo Germano, bailarino profissional nascido no estado do Ceará, descobriu o amor pela dança enquanto morava com seus pais no Canindezinho. Formado pela Escola de Teatro Bolshoi, ele alçou grandes voos desde cedo, atuando como solista na Companhia de Ballet Nacional do Peru, até integrar a Companhia de Dança da Áustria.

Seus primeiros passos na arte vieram através da capoeira, onde, ainda pequeno, descobriu a flexibilidade proporcionada pela arte marcial. Frequentando a Vila Olímpica, Leonardo encontrou grandes oportunidades, principalmente relacionadas à ginástica rítmica, tendo sua prima como exemplo. Ele passou a admirar a ginástica por sua semelhança com a dança, que, para ele, era um sonho a ser realizado.

Leonardo teve várias oportunidades de praticar esportes quando mais novo, algo que era difícil para muitos no Canindezinho, onde poucas pessoas tinham acesso a essas atividades, especialmente quando envolviam custos. Quando decidiu que queria seguir a carreira na dança, enfrentou a resistência inicial de sua mãe, principalmente devido a questões estruturais da sociedade.

Decidido a se dedicar à dança, Leonardo fez uma longa pesquisa para encontrar uma faculdade relacionada à área, até descobrir que o balé clássico era a base essencial para todas as outras formas de dança. Participou do Fenda-for, onde conquistou o terceiro lugar, momento em que sua mãe finalmente reconheceu que essa era a paixão do filho. Leonardo também recebeu o prêmio de bailarino revelação. Na realidade brasileira, onde o mercado para dança e artes está concentrado nos grandes centros econômicos, viver exclusivamente da arte pode ser um desafio nos dias de hoje.

Muitos profissionais da dança precisam
de um segundo emprego para sobreviver, mas Leonardo sabia que essa não seria uma opção para ele.

Nesse processo, Valdênia Carvalho, uma bailarina que ele considera um “anjo”,
apareceu em sua vida. Ela buscou patrocínio para que ele pudesse ingressar na Escola de Teatro Bolshoi, onde foi aceito. Contudo, com o tempo, surgiram dificuldades financeiras. Leonardo começou a enviar seu material para outras companhias ao redor do mundo, enfrentando vários “nãos”, até que
uma Companhia de Dança do Peru entrou
em contato com ele por e-mail, convidando-o a integrar o corpo de baile, onde chegou a se tornar solista. Após cinco anos no Peru, uma mudança de rumo foi necessária. Com a morte do diretor da companhia durante a pandemia de Covid-19, o estilo da companhia mudou,
muitos bailarinos não tiveram seus contratos renovados, e Leonardo se viu insatisfeito com os novos rumos. Ele passou a observar o cenário europeu e a enviar novamente seu material, mas não obteve sucesso em nenhuma das tentativas, o que o fez retornar ao Peru.

Quando perguntado sobre o que diria ao Leonardo de 15 anos, que ainda não havia se encontrado na dança, ele responde: “Tudo isso vai se resolver. Nesse momento parece que você está no olho do furacão, que não há esperança, mas o tempo coloca as coisas no lugar. Sua mãe te ama e sua família te ama”. Segundo Leonardo, “a arte está dentro de todo ser humano, a arte está em todos os lugares, até mesmo naqueles que não podemos enxergar”.